quarta-feira, 23 de abril de 2014

Refém de Mim Mesma

Estava eu hoje a ler algo sobre um seriado que gosto muito, Pretty Little Liars. Adoro esse seriado, mesmo sabendo que isso meio que queima meu filme (rsrs). Pois então estava eu a ver sobre obras literárias citadas na série e, entre elas, há uma referência indireta ao livro "O Papel de Parede Amarelo".

Um pouco sobre o livro:

"A história de Yellow Wallpaper (Papel de Parede amarelo) é contada em uma espécie de diário pessoal da protagonista, cujo marido confinou por considerá-la louca. O local onde a mulher é enclausurada é fechado por grades e o marido controla a sua circulação pela casa. Ela esconde seu diário, para seu marido não encontrá-lo e desenvolve uma espécie de obsessão pelo papel de parede amarelo do cômodo onde está trancafiada. No final do livro, John vai visitar a esposa e ela está andando em círculos pelo quarto e após alguns momentos, a cada vez que ela dá uma volta no quarto ela acaba tropeçando no marido.
Um fato curioso é que há diversas interpretações desse final e uma dela é a de que ela matou o marido e está tropeçando no corpo inerte do homem."


Enquanto lia o livro, pensava sobre a minha situação, que é muito parecida com a dela: uma pessoa privada da vida, obrigada a viver presa, sem trabalhar, sem ir à rua, ver o mundo. A personagem não podia sequer escrever. Na verdade, essa estória se passa em fins do século XIX e tem algo de auto-biográfico nela, pois a autora viveu numa época em que era muito mais comum que hoje relegarem à mulher a obrigação de cuidar dos afazeres domésticos e evitar a vida pública - vida pública era coisa de homem, não de mulher normal e 'direita'.

Mas, voltando ao paralelo de nossas situações, ao contrário da mulher do livro, não são os outros que me privam da liberdade, e esse é o grande ponto da questão da minha vida. Sabe o que é "questão da vida"? É o meu problema número um, a raiz de tudo, que me faz padecer por outros problemas por consequência.




SOU REFÉM DE MIM MESMA.

Como disse certa vez uma brilhante pessoa: "O maior algoz do homem reside em sua própria mente". E não há realidade mais dura do que essa, de ser vítima de algo que não se pode pegar e matar ou colocar fogo, algo difícil de exterminar - o cruel sabotador que reside em nosso íntimo.

"Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo. "


Oscar Wilde, em 'O Retrato de Dorian Gray' 




Existem zilhões de frases famosas sobre esse tema, além de textos de grandes escritores e filósofos. Mas como foi que eles conseguiram matar os trapaceiros de dentro de si? Será que conseguiram? O que será que alimenta a auto-sabotagem? É o medo da responsabilidade, o medo de crescer e ser adulto? Ou a questão vai além disso? Isso é muito complicado. Gostaria de me aprofundar, encontrar o veneno perfeito para esses ratos que nos destroem por dentro. São ratos que se alimentam do nosso sentimento de fracasso, impotência e frustração e, por isso, eles fazem de tudo para que não saiamos desse ciclo. Se colocamos o nariz para fora, lá vem eles nos puxar de volta para o quarto e nos trancar. Ratos espertos e perniciosos, cheios de artimanhas. Não sei se quem ainda vive sou eu, ou se são os ratos que vivem por mim.

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